quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Crítica: A Hora do Espanto



“Excitante, cheio de estilo e muito divertido!”
(Scott Mantz, Acess Hollywood)

Refilmagem de clássico oitentista derrapa, mas consegue se equilibrar

O filme “Fright night”, de 1985, dirigido por Tom Holland (Brinquedo Assassino), é um daqueles clássicos trash para adolescentes e, de certa forma, tornou-se um ícone do vampirismo jovem daquela década, ao lado de “Garotos Perdidos”. O filme misturava comédia com o horror pastelão típico das produções B de orçamento baixo. Agora, aproveitando a onda de “ressurreição” dos vampiros nas mídias atuais, o diretor Craig Gillespie traz uma refilmagem que fica muito aquém da obra original, mas consegue divertir o público com as atuações razoáveis de Colin Farrell e Anton Yelchin.
O filme de Gillespie não tem a espontaneidade e o roteiro despretensioso e engraçado da película dos anos 80, mas também não é um filme sem identidade. Percebe-se a preocupação do roteiro e da direção em, de fato, atualizar a história e trazer para os dias atuais a divertida situação de um adolescente que descobre que o seu novo vizinho é um vampiro. Charley (Yelchin), o protagonista, a princípio não acredita nisso, mas, quando estranhos acontecimentos se desenrolam nas redondezas, ele percebe a dimensão do perigo e tenta encontrar uma forma de eliminar o monstro, ao lado de sua namorada e sua mãe, ambas também incrédulas sobre essa história de vampiros.
É interessante que o remake não tenha alterado a personalidade de seus vampiros, como as produções atuais de gosto duvidoso acerca dos eternos sanguessugas. Aqui, a essência e a mitologia vampirescas são preservadas de forma exemplar; vampiros queimam ao sol, não têm reflexos (nem aparecem em câmeras!), temem crucifixos e alho e, o principal, são seres sensuais, com uma sexualidade pulsante. Colin Farrell está muito à vontade em seu papel de vilão, embora seu vampiro seja mais canastrão do que charmoso. E, falando em canastrice, há que se citar Peter Vincent, o personagem de David Tennant, que vem a ser o mais interessante e engraçado do filme; ele é um tipo de ilusionista fajuto e covarde que apresenta espetáculos e um programa de televisão em que se autodenomina um especialista em vampiros. Ele será o auxiliar de Charley, mesmo que a contragosto, em sua missão de exterminar o vampiro Jerry (Farrell) e tem algumas das falas mais cômicas da produção – excetuando-se a referência hilária a “Crepúsculo”.
Contudo, em alguns aspectos, o novo “A Hora do Espanto” derrapa quando devia agradar mais o público; uma de suas maiores falhas é o excesso de CG nas cenas de violência, incluindo as mortes exageradamente pirotécnicas dos vampiros. O sangue também é frustrante para os amantes do gore; pouco se vê a boa e velha tinta vermelha ou um xarope qualquer, pois até aqui prevalece a computação gráfica com seu sangue artificial em pixels.

Então, no fim das contas, “A Hora do Espanto” não é, decididamente, um filme imperdível nem impecável; pelo contrário, contém algumas falhas e um roteiro apenas sofrível. Entretanto, consegue se fazer presente, quando comparado ao gigantesco número de tolices hollywoodianas produzidas apenas para distrair – e mal – o público do gênero terror/comédia teen, raramente agraciado com uma obra interessante e criativa.



Conceito: Bom
Nota: 7,0

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